quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Dia 2, sábado - 22/08/2009 - Buenos Aires – Tour pela cidade e viagem para Ushuaia

Escrevo de dentro do avião, no segundo vôo, agora da LAN de Buenos Aires a Ushuaia, vôo 4444 assento 7A, devo chegar a Ushuaia por volta das 18h00min. Hoje de madrugada o vôo vindo de São Paulo, do relato anterior, pousou às 01h40min, a idéia inicial era tomar um ônibus para o hostel, mas em função do atraso do avião o próximo ônibus sairia somente às 3 da manhã. Decidi então pegar um taxi ($98.00 ARS) o valor do ônibus seria $45,00 ARS.
Cheguei ao hostel as 02h25min, o taxi me deixou numa esquina, pois a Rua Florida, onde fica o hostel é somente para pedestres. O bom é que o hostel fica bem no centro da cidade. (Hostel Florida).
Depois de chegar tive problemas para abrir a porta do dormitório, mas contei com a ajuda de Maria. Maria é uma venezuelana que viajava com o namorado e um amigo, todos no mesmo quarto que eu estava.
Era um quarto compartilhado, com dois beliches e um banheiro, bem maior que o que eu havia ficado em Bariloche, pelo menos o banheiro. Fui até uma esquina comprar água mineral ($4.50 ARS) e voltei para a cama, estava realmente exausto. Coloquei o relógio de pulso para despertar às 08h00min, mas acabei acordando algumas vezes antes disso, vi que Maria acordou às 06h00min, depois o namorado e o amigo saíram mais tarde, voltei a dormir e acordei mais uma vez às 07h30min. Resolvi então levantar dessa vez para tentar conhecer um pouquinho da cidade de Buenos Aires. Embora ela não estivesse prevista no roteiro que criei, achei que poderia aproveitar já que estava lá.
Tomei um bom banho e Maria ainda estava no quarto lendo. Ficamos conversando um pouco, contei do meu plano de viagem e ela comentou que os três ficariam em Buenos Aires por cinco dias, retornando a Venezuela em seguida. Lembro-me que ela disse o nome da cidade onde vive, mas realmente não me recordo agora o nome.
Alternamos muito entre o "portunhol" e o inglês, depois disso me despedi e desci para o café, já eram quase 9 horas e teria que estar no aeroporto até o meio dia. Tentei lembrar de tudo que me disseram sobre alimentação, digo isso porque tenho uma tendência natural a perder peso com facilidade, ainda mais quando estou viajando, então comi bastante e acabei não me sentindo bem pra caminhar depois. O café estava excelente, tinha cereal, leite, iogurte, pão, queijo, geléias, frutas... comi tudo que podia, mais do que podia e precisei de duas horas pra volta a me sentir bem.
Foi bastante difícil escolher o que veria na cidade nesse pouco tempo, fiquei um pouco perdido e no final por medo de não ter tempo de voltar a pé para o hostel, onde eu havia deixado a mochila cargueira, peguei um taxi que me levou até a casa rosada e depois para o hostel, onde peguei a mochila e rumei para o aeroporto.
Este taxista, diferentemente do anterior conversou muito, contou histórias e por saber que eu era brasileiro a todo momento perguntava sobre meu palpite para o jogo contra Argentina do dia 5 de setembro (estou totalmente por fora de jogos da seleção brasileira), quando eu dizia que o Brasil ganharia ele brincava e dizia que eu poderia perder o vôo.
Paramos para abastecer no caminho, o carro um Ford fiesta movido a GNV (aqui GNC) num posto Petrobras o valor do metro cúbico beira $1 ARS, no Brasil o valor chega a ser mais de três vezes maior. Isso se deve logicamente à valorização do real frente o peso argentino, mas também a alta carga de impostos aplicada no pais tupiniquin, estou dizendo isso porque também tenho um carro movido a GNV.
O aeroporto desta vez destinado a vôos domésticos fica ao lado do mar del plata, o taxista contou que durante a noite quando o tempo está bem limpo é possível enxergar as luzes uruguaias na outra margem.
Neste momento sobrevoamos a margem argentina em direção a Ushuaia.
Sobre Buenos Aires, os argentinos comentam que a cidade mudou muito nos últimos 10 a 15 anos, diziam que era muito mais movimentada e conhecida mundialmente como a cidade que não dormia. Isso claro tem ligação com a crise econômica que passou por aqui nos últimos anos e que ainda permanece.
Enfim chegamos ao aeroporto ($32.00 ARS), me despedi do prestativo taxista cujo nome me esqueci também e fui então fazer o checkin. Na fila vários olhares curiosos por causa da minha mochila, alguns comentários baixinhos. A reação é a mesma em qualquer lugar. Ainda antes de embarcar comprei um refrigerante na máquina ($5.00 ARS) e depois cheguei até a sala de embarque.
Na sala de embarque quando tirei a bota (o pé já estava reclamando) a situação não era nada boa, duas bolhas em cada pé, isso somente pelas quase 3 horas de caminhada na cidade, fiz curativos e fiquei pensando que teria muitos problemas principalmente em torres del paine, já que serão 80 km de trekking.
Ainda na sala de embarque conheci outra garota, uma alemã de nome estranho, ela simplificou e me disse "Úrsula", ela também estava a caminho de Ushuaia no mesmo avião, porém lá no fundo.
Úrsula tem 20 anos e morava há quatro meses na Costa Rica, agora está decidindo o que fazer nos 10 dias que lhe restam antes de voltar pra casa, três deles ela deverá ficar em Ushuaia, depois seguir para El Calafate, meu destino será Puerto Natales.
Parece que irão servir algo então é hora de uma pausa, estou faminto e agora são 14h10min, a poltrona do meu lado esta vazia e terei um pouco mais de espaço, espero que a viagem seja confortável.

Agora são 20h20min e já estou no hostel em Ushuaia
Vou contar um pouco sobre o meu dia.

Depois de comer no avião (serviram um sanduíche natural e um alfajor) acabei adormecendo, acordei às 16h30min com o avião já se preparando para pousar.
O Pouso aconteceu às 16h50min e foi bem legal ver as montanhas nevadas da janela, este foi o primeiro grande impacto visual até aqui.
Ushuaia fica entre montanhas e limitada pelo canal beagle, é a ultima cidade do mundo, a mais austral delas e porta de entrada para a antártica (mil kms).O pouso foi tranqüilo embora houvesse neve na pista. Li que o aeroporto de Ushuaia é bastante seguro, aqui há pousos e decolagens durante todo o ano independentemente do tempo. No desembarque havia verificação de bagagem de mão pela vigilância sanitária. Eu havia feito reserva no hostel Los Cormoranes e Mônica, a garota que me atendeu, confirmou que haveria alguém me esperando com meu nome num papel tão logo eu desembarcasse, de fato não havia ninguém e eu tive que tomar um taxi por conta até o hostel.
O sistema de calefação do aeroporto era excelente, só foi colocar o pé para fora para que o frio característico da terra do fogo mostrasse sua cara. Exitei um pouco e coloquei outro agasalho, luvas de lã e gorro. O trajeto até o hostel não foi tão longo e a cidade parece absolutamente parada, pouquíssimas pessoas nas ruas, claro, é baixa temporada.
O taxi ($17.00 ARS) me deixou no hostel los cormoranes, o hostel fica numa parte mais alta de Ushuaia, depois de ver um pequeno mapa com os locais de interesse percebi que não é tão bem localizado. Meu quarto não tem banheiro, tanto os banheiros quanto a cozinha ficam separados, internamente as acomodações são bem quentes (percebi que sistema de calefação no piso é extremamente eficiente), mas o fato de cruzar o quintal para mudar de ambiente é incômodo.
O hostel parece estar quase vazio, devo ter visto algumas quatro ou cinco pessoas por aqui, meu quarto tem dois beliches e mais duas camas de solteiro, seriam seis pessoas, mas estou sozinho aqui.
Depois de me instalar fui tomar banho, um banho bem quente por sinal. Fazendo curativo no pé percebi que vou realmente ter problemas com ele, principalmente com a unha encravada que parecia estar perto de curar. Meu estômago reclamava e fui até um mercadinho próximo duas quadras do hostel devidamente aparado de duas blusas, cachecol, toca e luvas
Há gelo pelas calçadas e quase ninguém na rua, parece um lugar deserto, mas deve ser o frio (agora a temperatura é de -8°C)
Fiquei em duvida sobre o que comprar e no final a lista foi:
Um Pepsi 1.5l ($7,50 ARS)
Dois Iorgutes ($5,40 ARS)
200g de salame ($10.30 ARS)
Uma sopa em pó de queijo ($4,20 ARS)
Um pacote de cebola em conserva ($7.87 ARS)
Voltando para o hostel preparei meu jantar, foi a metade da sopa de queijo com algumas fatias do salame, pão e cebola acompanhando. Amanhã a idéia é iniciar o dia com o passeio de barco no canal Beagle, a Monica com quem conversei antes de viajar já estará aqui no hostel e então devera dar-me algumas dicas do que fazer em Ushuaia, ficarei aqui por três dias, sem contar hoje.
Em seguida será a parte mais difícil da viagem, os quatro dias do circuito W em Torres del Paine pra onde levarei todo o meu equipamento.

Agora são 20h45min, vou criar coragem pra ir até o banheiro escovar os dentes e dormir pra estar bem disposto pro dia.

Precisarei também encontrar uma forma de ligar pra casa e dar sinal de vida, sei que estão preocupados comigo.

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